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segunda-feira, 25 de junho de 2012

MÍDIAS - A TRANSFORMAÇÃO DO ESPORTE EM ESPETÁCULO TELEVISIVO

Houve um tempo em que os atletas jogavam por amor à camisa, em que o fair play (jogo limpo) era valorizado e as pessoas iam aos estádios para comungar desse espírito esportivo e assistir a um bom jogo. Esses tempos ficaram para trás.

O esporte de hoje é parte integrante da milionário indústria de entretenimento, que tem ficado cada vez mais atenta à "vocação" do esporte em atrair espectadores. Assim, impulsionada pelo advento da televisão, transformou o esporte em "telespetáculo".

Observe as propagandas dos eventos esportivos: elas anunciam apenas equipamentos esportivos e estímulos à prática de exercícios físicos ou "usam" os valores associados ao esporte (energia, velocidade, superação etc.) para vender até cerveja? A mídia contribui na formação de "fanáticos" dispostos a consumir os produtos vinculados à imagem do seu time.

Que falação!


Será que aquilo que vemos e ouvimos nos jogos de futebol transmitidos pela TV fornece um amplo panorama sobre o que está acontecendo em tempo real, ou é um "recorte selecionado" de quem está transmitindo? Pense bem, as câmeras seguem a bola ou mostram os 22 jogadores ao mesmo tempo? Pois é, da mesma maneira que as imagens são selecionadas, também os comentários cumprem a função de transformar o futebol em espetáculo. Basta uma briga entre torcidas, um técnico que provoque o outro, uma celebridade na arquibancada e o episódio gera assunto durante uma semana até o próximo jogo, que, a essa altura, já se tornou secundário.

Abaixo, dois trechos de textos sobre a falação esportiva:

A falação esportiva


1. "[...] A falação esportiva (ECO, 1984) informa e atualiza: quem ganhou, quem foi contratado ou vendido (e por quanto), quem se contundiu, e até sobre aspectos da vida pessoal dos atletas. Conta a história das partidas, das lutas, das corridas, dos campeonatos; uma história que é sempre construída e reconstruída, pontuada pelos melhores momentos - os gols, as ultrapassagens, os acidentes etc. Cria expectativas: quem será convocado para a seleção brasileira? A falação faz previsões: qual será o placar, quem deverá vencer. Depois, explica e justifica: por que tal equipe ou atleta ganhou ou perdeu. A falação promete: emoções, vitórias, gols, medalhas. Cria polêmicas e constrói rivalidades: foi impedimento ou não? A falação critica: 'fala mal' dos árbitros, dos dirigentes, da violência. A falação elege ídolos: o 'gênio', o craque fora de série. Por fim, sempre que possível, a falação dramatiza [...]"

BETTI, Mauro. Esporte na mídia ou esporte da mídia? Motrivivência,
Florianópolis, n. 17, set. 2001. p. 108-109.

2. "A falação expõe discursos de duplo padrão moral. No jogo da seleção, o centroavante brasileiro fez um gol com auxílio do braço e o locutor agradeceu ao árbitro peruano: 'Muchas gracias, [nome do árbitro]! Gracias, hermano!'. O jogador declarou em entrevista ao telejornal do horário nobre: 'o artilheiro tem que fazer gol de qualquer jeito, não importa'. É a mesma falação que condena a violência, o doping, o suborno..."

BETTI, Mauro. A janela de vidro: esporte, televisão e educação física. Campinas: Papirus, 1998. p. 70.


Fonte: Caderno do Aluno, 2ª Série do Ensino Médio, Vol. 2, Educação Física. Governo do Estado de São Paulo

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