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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Entrevista: J.H. Marques, presidente da Frente Nacional dos Torcedores

João Hermínio Marques é advogado, sócio proprietário do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e presidente da Frente Nacional dos Torcedores.

Para ele, a mobilização social é o maior instrumento contra as injustiças sofridas no futebol e na sociedade em geral, e conta como ela é importante, tanto que ajudou a derrubar um dos maiores ditadores do futebol mundial, Ricardo Teixeira.

Aqui você vai conhecer um pouco mais sobre a Frente Nacional dos Torcedores, em entrevista dada por João Hermínio Marques a Eduardo Vasco, via rede social.

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O que é a Frente Nacional dos Torcedores?

A FNT é o movimento social que luta por um futebol justo, democrático e popular. Entendemos "justo" como contra a corrupção. Entendemos "democrático" como parte da nossa luta pela democratização das instâncias decisórias do futebol (clubes, federações e CBF). Entendemos "popular" pela defesa do futebol do povo, afinal, somos a contra-corrente desse processo de elitização do futebol, ora apelidado pela nossa militância como "futebol moderno". Embora seja um erro conceitual dizer isso, o que vale é que lutamos contra a elitização do futebol.

Como se formou?

A FNT formou-se pela internet a partir de um fórum de debates sobre torcidas e futebol em geral. Porém, sempre fomos contrários às mobilizações meramente virtuais. E em alguns meses realizamos o I Encontro Nacional dos Torcedores, onde foi eleita uma direção definitiva e foi aprovado um estatuto social do movimento.

Atua em todo o País?

Temos filiais ativas como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte. E estamos recomeçando nosso trabalho em Minas e em São Paulo. Assim, como estamos iniciando na Bahia, no Pará e no Maranhão. Sim, nós queremos ter tentáculos em todo o país. Afinal, nascemos para defender todos os torcedores brasileiros.

Quais as principais conquistas da FNT?

O "Fora Teixeira", sem dúvida nenhuma. Antes do nosso movimento, Ricardo Teixeira era "incaível". Somente quando a gente botou o bloco na rua com milhares de pessoas que o quadro do Teixeira começou a desmoronar. Evidentemente que ele não caiu só por causa da gente. No entanto, tivemos uma enorme parcela nesse processo. E isso é motivo de orgulho. Claro que ele caiu e entrou o "Zé Medalha", porém já foi um avanço. É lutando e continuando a lutar que conquistaremos mudanças mais profundas. Basta ver que a CBF do Teixeira era estável. A do Marin já não é.

Por que lutar?

Lutamos porque acreditamos na mudança social pelo futebol. Lutamos porque queremos mudar o futebol. Lutamos porque amamos o futebol. Lutamos pelas ideias do Dr. Sócrates. Lutamos pelo nosso sonho de Torcedor apaixonado.

Os brasileiros se acomodaram e deixaram de lutar por seus ideais?

O Brasil vive uma fase de imobilismo social. Não tem como negar que a estabilidade do Plano Real, e depois os avanços sociais (ainda que não profundos, isto é, avanços superficiais), não tem como negar que o quadro nacional hoje facilita essa estagnação da massa e esse marasmo político. Outro grande fator culpado disso foi a ascensão da "oposição" histórica no poder. A "situação" de mais de 500 anos não possui vontade de agito. E a pretérita "oposição" não pensa em fazer agito agora que está no governo. É uma situação complexa. No entanto, o brasileiro não é um povo acomodado. Isso é uma inverdade. Olhe para nossa história: Tiradentes, Zumbi, João Cândido, Canudos, Lampião, Brizola na Legalidade. O brasileiro é povo de luta. Basta acordar desse berço esplêndido. E aí surge a tarefa: como acordar? Nosso movimento entende que o futebol é o modus operandi mais qualificado para englobar a massa na luta por justiça social. O problema é a dificuldade, devido a baixa inteligência e compreensão da realidade, dos "líderes políticos" abraçarem essa ideia.

Quais os planos da FNT para 2013? Continuará a luta contra a privatização do Maracanã? Tem algum plano de protestos para a volta das bandeiras de cabo aos estádios de São Paulo?

A luta contra a privatização do Maraca é permanente. E, mesmo que a gente consiga impedir a privatização, seguiremos na luta por um Maraca com cara de Torcedor, não elitista, por um Maraca popular. Lutaremos por mudanças no Estatuto do Torcedor. Lutaremos pela aprovação da PEC Dr. Sócrates (202/2012), a PEC da regulamentação desportiva. E, sim, caso a gente consiga o quanto antes reestruturar a FNT em São Paulo, vamos para esse combate pela volta das bandeiras.

Quais as consequências da realização da Copa do Mundo para o povo e para o torcedor brasileiro?

A Copa do Mundo é uma grande festa. O povo gosta. Não podemos negligenciar isso. Nós Torcedores, mesmo, gostamos bastante. A grande questão é se a Copa vai elitizar o futebol nacional. Infelizmente já temos esse reflexo. E isso não é positivo. Não lutamos contra a Copa. No entanto, lutamos por um legado verdadeiramente social-esportivo com a Copa no Brasil. E lutamos por uma Copa do povo, uma Copa com cara do povo brasileiro.

Como o torcedor comum pode ajudar a FNT nessa luta popular?

O torcedor comum pode ajudar seguindo nossas páginas no facebook, filiando-se em nosso site (infelizmente hoje fora do ar), e participando dos nossos eventos.



Clique aqui e visite o facebook oficial da Frente Nacional dos Torcedores.