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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Novo formato da Copa do Brasil, a desgraça do futebol brasileiro

Uma das maiores desgraças que aconteceu no futebol brasileiro, pelo menos nos últimos anos.

Nesse novo formato da Copa do Brasil, que entra em vigor em 2013, os times pequenos não terão vez. Desde que eu me conheço por gente, as copas nacionais são mais é para a disputa dos times pequenos. Agora não. Não teremos mais Juventude, Criciúma, Santo André e Paulista de Jundiaí disputando o título. Com esse novo formato, apesar de receber mais times (86), sobrarão 10, que se juntarão aos outros 6 que disputaram a Libertadores do mesmo ano. Isso mesmo, a final da Copa do Brasil será em novembro! Assim, como sempre acontece, os times que disputarão a Libertadores serão apenas os grandes, que terão ainda a oportunidade de ser campeões da Copa do Brasil. Com essa entrada dos clubes que disputaram a Libertadores, se restou algum time pequeno na fase final da Copa do Brasil, suas chances de ser campeão serão nulas.

E ainda por cima, o Campeonato Brasileiro não dará mais vagas para a disputa da Copa Sul-Americana. Quem dará essas, agora quatro vagas, será a Copa do Brasil, não mais o Campeonato Brasileiro. Mas, os clubes que forem deixando a competição antes do início da Sul-Americana, poderão se classificar, dependendo de sua colocação no Campeonato Brasileiro do ano anterior. Muita gente está entusiasmada, mas os clubes pequenos não ganharão em nada com isso, não ganharão vaga na Sul-Americana do ano seguinte. Continuará a mesma porcaria, e até pior.

Então serão praticamente os mesmos times que disputarão todas as competições: Os grandes que disputarão a Libertadores, depois, entrando na fase final da Copa do Brasil, se classificarão para a Sul-Americana, e disputarão o título brasileiro no mesmo ano!

Assim, nas últimas rodadas do Brasileirão, não haverá emoção com os clássicos regionais, poucos times estarão brigando por alguma coisa na reta final. As equipes que antes brigavam por uma vaga na Copa Sul-Americana, entrarão de férias antes do término do campeonato.

Em pouco tempo, acabarão com o acesso à Série A e os 20 maiores times do Brasil serão os únicos beneficiados, disputarão tudo, serão campeões, não serão rebaixados, e os times pequenos e médios, até os que têm muita tradição e torcida, cairão no esquecimento do futebol brasileiro graças à maravilhosa política da dona CBF, apoiada pela maior parte da imprensa.

Esse é mais um momento de nos mobilizarmos para impedir esse desastre que ocorrerá em pouco tempo. Por favor, reflitam.

Supercopa Sul-Americana / Intercontinental, um torneio que caiu no esquecimento

Taça da Supercopa Sul-Americana de 1968,
no museu das conquistas do Santos FC (arquivo pessoal)


Em época de Mundial de Clubes, em que o Santos pode encarar o Barcelona na final, lembramos daquela equipe alvinegra bicampeã intercontinental no início da década de 1960. Lembramos de uma das maiores formações da história do futebol, com o meio-campo e o ataque formados por Zito, Dorval, Mengálvio, Continho, Pelé e Pepe. Ao pronunciar isto, me dá calafrios...

Mas um título que cai um pouco no esquecimento e que nem todos os santistas recordam, é o da Supercopa Intercontinental, de 1968. O Santos disputou com Racing e Peñarol, e a conquista do título da Supercopa Sul-Americana levou o Peixe a enfrentar na final Intercontinental a Internazionale. E o Santos se sagrou campeão.

Vamos partir do início. A Supercopa Sul-Americana foi criada com a ideia de reunir os então campeões do Mundial Interclubes. Estes eram o Peñarol (Uruguai), Santos (Brasil) e Racing (Argentina). Com uma boa repercussão, a Conmebol entrou em contato com a UEFA, que também realizou seu torneio, contando com a participação de Real Madrid e Inter de Milão (os europeus que até então haviam se coroado campeões mundiais). Mas, com a desistência da equipe merengue, coube à Internazionale representar a Europa nesse desafio intercontinental.

Mas a zona sul-americana teria que ter um torneio para definir seu representante. Torneio que começou em novembro de 1968, e teve duração até maio de 1969. A primeira partida foi entre Peñarol e Racing, em que a equipe uruguaia venceu por 3 a 0. Na semana seguinte, foi a vez da estreia do Santos, que bateu o Racing por 2 a 0, gols de Pelé e Edú.

No Maracanã, o time da Vila Belmiro teve pela frente o Peñarol. Até aquele momento, as duas equipes eram as melhores da América, e duelos emocionantes já haviam entrado para a história. Para aquele jogo, o Peñarol entrou em campo com alguns dos grandes jogadores que a América do Sul tinha na época: Mazurkiewicz, Pablo Forlán, Figueroa, Caetano, Nestor Goncalves, Pedro Rocha, Abbadie, Alberto Spencer e Juan Joya. O Santos venceu por 1 a 0, gol de Clodoaldo.

Já no ano seguinte, em abril de 1969, o Santos visitou o Racing em Avellaneda e venceu por 3 a 2. O Racing também tinha uma ótima defesa, com o goleiro Cejas (que depois jogou no Santos) e os zagueiros Perfumo e Alfio Basile.

Três dias depois, o Santos foi à Montevidéu, e tomou uma surra do Peñarol, perdendo por 3 a 0, dois gols de Pedro Rocha. Porém, faltando um jogo para o Peñarol e o Santos já havia terminado seu torneio, restava torcer para o Racing ao menos empatar com os uruguaios, que o Santos sagraria-se campeão. E foi o que aconteceu. No dia 22 de maio, Racing e Pañarol empataram em 1 a 1 na Argentina. O Peñarol chegou a sete pontos. O Santos tinha nove. O Alvinegro Praiano conquistou a zona sul-americana. Mas teria que enfrentar a Inter de Milão na final intercontinental.

O grande jogo foi realizado no dia 24 de junho de 1969, em Milão. A equipe da casa era a base da seleção italiana. Foi uma prévia do que aconteceria um ano mais tarde, na Cidade do México.

A Internazionale não pôde contar com o grande zagueiro italiano Giacinto Facchetti e o espanhol Luis Suárez. O sistema de jogo da Inter era o conhecido catenaccio (marcação rígida e contragolpe fatal), enquanto o Santos priorizava o bom toque de bola e fomentava o individualismo de seus craques.

O Santos foi a campo com Cláudio (Laércio); Carlos Alberto, Ramos Delgado, Djalma Dias e Rildo; Clodoaldo e Negreiros; Pelé, Edú, Toninho e Abel.

O primeiro tempo no Estádio Giuseppe Meazza, foi mais para as equipes se estudarem. Mas no segundo tempo, o Peixe, dirigido pelo treinador Antoninho, mostrou agressividade e chegou ao gol - o único da partida - aos 12 minutos. O goleiro Bordon não conseguiu segurar o petardo disparado por Pelé em cobrança de falta, no qual Toninho Guerreiro pegou o rebote para definir pro fundo da rede.

O time italiano se lançou ao ataque, o que deu oportunidade para o Santos ter espaços e chances de gol, salvadas por Bordon. A Inter ainda mandou uma bola no travessão no finalzinho do jogo, mas a grandiosa atuação de Pelé e dos atacantes Edú, Toninho e Abel proporcionou ao Santos a glória intercontinental.

A Supercopa Sul-Americana ainda teve mais uma edição, em 1969, na qual também entrou na disputa o Estudiantes de La Plata, campeão mundial em 1968. Desta vez, quem ficou com o título foi o Peñarol. Título que veio no dia 30 de dezembro de 1969, na vitória sobre o Estudiantes, na Argentina.

Na Europa, as equipes de Real Madrid, Internazionale e o Milan - campeão mundial em 1969 - participariam da eliminatória, que nunca ocorreu. Portanto, não houve uma final intercontinental. O desinteresse das equipes europeias foi o principal motivo da competição acabar. Em 1970, teria uma terceira edição da Supercopa Sul-Americana, mas essa nem começou. Era o fim de um torneio que tinha sim uma repercussão na imprensa e nos torcedores, mas que acabou no esquecimento.