Pesquisar este blog

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O Bom Senso F.C. e a questão da Televisão

O Bom Senso Futebol Clube, movimento criado a poucos meses por jogadores de futebol de todo o Brasil, tem como principal objetivo um calendário justo e melhor para todos.

Isso significa redução de partidas para os clubes grandes do futebol brasileiro durante o ano, mais tempo para preparação dos atletas e melhor rendimento físico e técnico durante os jogos, mesmo em final de temporada.

Mas o problema é que a CBF está dificultando a operação e não concorda com todas as exigências feitas pelos atletas. A CBF, Confederação Brasileira de Futebol, comandada por um filhote da Ditadura Militar, pelas empresas multinacionais que a patrocinam e pela Rede Globo de Televisão, que há anos tem o monopólio das transmissões do futebol brasileiro.

Há muito tempo a Rede Globo é parceira da CBF, tendo sempre prioridade nas negociações das transmissões do futebol nacional e monopólio em campeonatos e jogos da seleção brasileira. Muitas vezes a emissora compra com exclusividade jogos e/ou campeonatos apenas para que as TV's rivais não os transmitam.

Isso ocorre desde os anos 90, quando a Globo ganhou exclusividade nas transmissões dos jogos do Campeonato Brasileiro, quando surgiam também suas emissoras de TV paga (canais Sportv) e pay-per-view (Premiere FC) e nunca mais largou o osso.

No começo de 2011, após o Cade (Conselho Administrativo da Defesa Econômica) obrigar o Clube dos 13 a abrir uma concorrência para que os direitos de transmissão do futebol brasileiro não fossem mais de exclusividade da Globo, a emissora conseguiu – de maneiras um tanto quanto obscuras – impedir a união dos clubes para fecharem seus contratos e, por obter maior poder aquisitivo que as emissoras rivais e ter parceria com a CBF, conseguiu dar continuidade ao seu império que dita as normas do futebol neste país.

Duas rodadas do Campeonato Brasileiro por semana não fazem bem ao rendimento dos jogadores, de acordo com os integrantes do Bom Senso FC. Jogos às 22h no meio de semana não fazem bem aos torcedores. Se o fã do seu time for ao estádio, chega em casa depois da meia-noite, geralmente à 1h ou até 2h, para levantar às 6h e ir trabalhar.

Isso é culpa da emissora que transmite os jogos, que escolhe os horários, sempre depois da novela. Além disso, a Globo sempre fez as tabelas dos jogos do Campeonato Brasileiro, não a CBF. Como bem disse o craque Alex, quem manda no futebol brasileiro é a Globo.

A Globo não apenas desrespeita os direitos do jogador profissional, mas também do torcedor, do telespectador.

No apêndice do livro "Videologias", com o título "Direitos do Telespectador", o jornalista Eugênio Bucci escreve que "o telespectador é o último a ser consultado e o primeiro a ser usado, comercializado ou mesmo ofendido."

A Rede Globo tem o monopólio do futebol brasileiro e repassa à TV Bandeirantes os mesmos jogos que ela transmitirá, para não concorrer com a transmissão de outro jogo. Bucci escreve que o telespectador "se encontra à mercê do que as emissoras resolvem pôr no ar."

A TV é concessão pública, mas não atende ao público. Do mesmo modo que o Bom Senso FC exige menos jogos para os grandes clubes, ele quer que os pequenos fiquem em atividade o ano inteiro, não apenas no começo do ano nos campeonatos regionais.

O goleiro Rogério Ceni criticou a Globo: "Se tiver mais jogos de times menores, que ficam parados durante sete meses, vai ter mais jogadores, mais arbitragem. O que a gente defende é mais partidas, mais mão de obra para todos, para vocês da imprensa também. A gente não está aqui para brigar. Não queremos chegar ao ponto de fazer greve. Queremos que se possa fazer um campeonato estadual para 80 times paulistas. Por que não, no meio do ano, para times menores? Estado de São Paulo tem mais de 100 equipes de futebol, com jogadores que ganham dois ou três salários mínimos. Isso é como injetar dinheiro na economia."

Como ditadora das transmissões de futebol, a Globo escolhe os dias, os horários e os jogos que transmite ao público. Não é o público que escolhe o dia, o horário nem o jogo que quer assistir. Com a exclusividade, ela obriga o telespectador a assistir o que ela quer e quando ela quer. Ou então, o cidadão tem que pagar um pay-per-view para ter mais opções. E esses canais também são de propriedade das Organizações Globo.

Se não houvesse exclusividade nas transmissões, várias emissoras poderiam transmitir diversos jogos, de todos os times, em todos os dias e horários, então o desejo dos integrantes do Bom Senso e o público em geral seria atendido.

Por isso os grandes meios de comunicação, como a Rede Globo, tanto caem de pau em cima do governo argentino e da presidente Cristina Kirchner por causa da "Ley de Medios", que regula a mídia local e tenta acabar com os monopólios de grupos como o Clarín, a Rede Globo argentina.

Enquanto houver uma ditadura midiática que controla o futebol brasileiro, haverá monopólio das transmissões de TV e seus interesses econômicos interferirão nos interesses dos jogadores, dos clubes, dos torcedores e dos telespectadores, controlando e manipulando um dos maiores bens que pertencem ao povo brasileiro: a cultura do futebol.

Publicado por Eduardo Vasco, no Diário Liberdade, em 20.11.2013

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Pacaembu, o gigante de todos nós

O Estádio do Pacaembu nos remete às lembranças de quando São Paulo era a terra da garoa, de quando era uma cidade romântica, em que não havia tanta correria, estresse, trânsito, poluição.

O Pacaembu é um estádio único. Assistir a uma partida de futebol no Pacaembu é como assistir a um balé no Teatro Bolshoi, uma luta no Coliseu, uma exposição no Louvre, uma missa na Basílica de São Pedro.

O Pacaembu é história viva, é tradição, é paixão, é emoção. Esse é um ideal que todos os torcedores paulistanos compartilham. Na verdade, o Pacaembu não é um gigante sem dono. Ele é um gigante de que todos nós somos donos.

O Museu do Futebol não poderia ser construído em nenhum outro lugar senão no Pacaembu, pois o próprio estádio é um museu, que conta boa parte da história do futebol brasileiro. Estádio com alma própria, que viu o rei do futebol marcar 115 gols em 119 jogos.

O Pacaembu é a casa de todos os paulistanos que gostam de futebol. Ele é um símbolo arquitetônico da cidade de São Paulo. Nenhuma das novas "arenas" erguidas no Brasil se compara à beleza desse estádio. A mística do Pacaembu é uma coisa que só ele tem e que jamais "arena" alguma terá.

O Pacaembu vive no coração e na mente de cada torcedor e cidadão paulistano. Ele é eterno, intocável, imaculável.



Texto publicado originalmente no Blog Pelejas, por Eduardo Vasco.