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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Dorval, O Ponta Direita

Por: Adriano Fernandes, no site Memória Futebol


Para os mais velhos, o melhor camisa “sete” do Santos FC de todos os tempos. Um dos integrantes do ataque mais poético do futebol brasileiro de todos os tempos: “Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe”, inspiração para milhões de torcedores que passaram a admirar o Santos FC.

Ataque que virou tema de música (“Linhas do Prazer” – Carlinhos Vergueiro) e sinônimo de futebol bem jogado.

Dorval era um ponteiro rápido, driblador e atacante fazedor de gols. Muitas vezes substituiu Pelé no comando de ataque, e não fazia feio não... deixava sua marca nas redes adversárias.

Teve um grande “azar” em sua carreira... foi contemporâneo de Garrincha, e não teve muitas oportunidades na Seleção Brasileira.

Vindo do Rio Grande do Sul, iniciou sua carreira no já extinto, GR Força e Luz (Porto Alegre). Em 1956 (aos 21 anos) aportou no Santos FC e realizou sua primeira partida com a camisa branca em 20 de maio, na vitória sobre o América (São José do Rio Preto), no interior paulista. O primeiro gol, foi na partida seguinte, outro amistoso, desta feita , contra o Comercial FC (Araras).

Participa de um jogo muito especial, em 1956, contra o Corinthians de Santo André. Especial, pois foi a primeira partida de Pelé... e o jovem Dorval estava em campo, participando do início do reinado.

Entre o fim de 56 e início de 57 (três meses), foi emprestado ao CA Juventus. No retorno ao Peixe, assume a titularidade na equipe e ficou por muito tempo. Mostrando sua versatilidade, Dorval chega a atuar no gol santista, numa partida contra o EC Noroeste, na Vila Belmiro. Naqueles tempos, não eram permitidas substituições durante os jogos e o goleiro Manga sofreu uma contusão, ficando impossibilitado de continuar em campo... e lá foi Dorval fechar o gol santista, garantindo a vitória por 1x0.

O primeiro título oficial foi em 1958, na conquista do Paulista daquele ano, sendo o primeiro de uma série invejável de conquistas.

Neste ano de 58, Dorval marca 4 gols numa só partida, contra o tradicional Jabaquara AC, o Leão do Macuco:

16/07/1958 - Santos FC 7x3 Jabaquara AC (Santos)
Local: Vila Belmiro – Santos (SP)
Competição: Campeonato Paulista
Renda: Cr$ 311.890,00
Árbitro: Telêmaco Pompeu
Gols: Dorval 40', 50', 62' e 75', Pelé 36' e 85' e Ramiro 74' – Daltro (p) 53', Bugre 79' e Valdir 90'
SFC: Manga; Getúlio e Dalmo; Fioti, Ramiro e Zito; Dorval, Álvaro, Pagão, Pelé e Pepe. Técnico: Lula 
JAC: Barbosinha; Paquetá e Sarno; Alamir, Daltro e Miguel; Carlinhos, Valdir, Agnaldo, Fábio e Bugre. 

Chega à Seleção Brasileira em 1959. É convocado para participar do Sul-Americano, em Lima (Peru). Usa pela primeira vez a camisa canarinho no empate em 2 a 2 contra o Peru (10/03/1959). Em maio é campeão do Rio-São Paulo, e, em seguida, parte para a célebre excursão à Europa, onde irá despertar admiração e surpresa junto aos europeus (que conheciam apenas Garrincha).

Em 1962, a grande consagração com os títulos de Campeão Paulista, Brasileiro, Sul-Americano e Mundial. Na partida decisiva do Campeonato Paulista, marca dois gols na goleada sobre os tricolores, exibindo sua categoria driblando, armando e cruzando.

05/12/1962 Santos FC 5x2 São Paulo FC
Local: Pacaembu - São Paulo (SP)
Competição: Campeonato Paulista
Renda: Cr$ 6.931.500,00
Árbitro: Anacleto Pietrobom
Gols: Coutinho 30', Dorval 43' e 46', Pepe 60' e Pelé 88' – Dias 14' e Benê 15'
SFC: Laércio; Dalmo, Mauro e Zé Carlos; Calvet e Zito; Dorval, Lima, Coutinho, Pelé e Pepe Técnico: Lula
SPFC: Poy; De Sordi, Beline e Sabino; Cido e Dias; Faustino, Benê, Prado, Jair e Agenor. Técnico: Osvaldo Brandão

Uma outra prova da versatilidade de Dorval ocorreu em 1963, por ocasião da final da Taça Brasil (Campeonato Brasileiro), contra o Botafogo. Depois de vencer por 4 a 3 e perder por 3 a 1, a decisão ficou marcada para o Maracanã. Jogando mais recuado, auxiliando Lima, realizou uma partida impecável, anulando qualquer tipo de jogada pelo setor direito da defesa santista.

Mas não ficou só nisso, Dorval ainda foi ao ataque e deixou um gol nas redes do Botafogo. Novamente a imprensa louvava sua atuação, acrescentando que nesta partida teria sido uma das melhores de sua carreira.

02/04/1963 Santos FC 5x0 Botafogo FR (Rio de Janeiro) 
Local: Maracanã - Rio de Janeiro (GB)
Competição: Taça Brasil de 62
Renda: Cr$ 26.931.732,00
Público: 70.324
Árbitro: Eunápio de Queiroz
Gols: Dorval 24',Pepe 39', Coutinho 54' e Pelé 75' e 80'
SFC: Gilmar; Lima, Mauro e Dalmo; Calvet e Zito (Tite);Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe Técnico: Lula
BFR: Manga; Rildo (Joel), Zé Maria e Ivan (Jadir); Nilton Santos e Ayrton; Garrincha, Edson, Quarentinha, Amarildo e Zagallo (Jair Bala). Técnico: Marinho Rodrigues

Ainda em 1963, Dorval retorna à Seleção Brasileira. Com oito santistas em campo, na prática era o time do Santos FC reforçado por craques. Veja a ficha técnica abaixo para confirmar:

05/05/1963 Brasil 2x1 Alemanha Ocidental
Local: Volksparkstadium – Hamburgo (Alemanha)
Árbitro: Gottfried Dienst (SUI)
Gols: Coutinho e Pelé - Werner
BRA: Gilmar; Lima, Eduardo, Roberto Dias e Rildo*; Zito e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Aymoré Moreira
ALE: Fahrian; Novak, Schnelinger e Wildenx; Schulz e Werner; Heiss, Schuetz, Seeler, Konietzka (Strehl), Doerfeu. Técnico: Josef "Sepp" Herberger 

Obs.: Rildo faria parte do elenco do alvinegro apenas em 1967.

Dorval ainda seria bicampeão da Libertadores e do Mundial Interclubes em 1963.

Em 64, é transferido para o Racing (Argentina), mas antes ajuda o Santos FC a vencer a Taça Brasil de 63 e o Rio-São Paulo de 1964.

Retorna ao Alvinegro em janeiro de 1965 e sagra-se campeão do Hexagonal do Chile. Na Libertadores daquele ano, uma excepcional exibição no Pacaembu: 5 a 4 no Peñarol (Uruguai). Uma partida espetacular do Santos FC no primeiro tempo, quando Dorval cansou de entortar seu marcador (Caetano).

25/03/1965 Santos FC 5x4 CA Peñarol (URU)
Local: Pacaembu - São Paulo (SP)
Competição: Taça Libertadores de América
Renda: Cr$ 36.598.500,00
Público: 30.518
Árbitro: Luis Ventre (ARG)
Gols: Pelé 2’, Pepe 5’ (falta), Dorval 7’, 22’ e Coutinho 38’ – Pedro Rocha 19’, Hector Silva 24’, Sacia 74’ e H. Silva 80’
SFC: Gilmar, Olavo e Geraldino; Ismael, Joel e Zito; Dorval, Mengálvio, Coutinho (Toninho), Pelé e Pepe Técnico: Lula
CAP: Maidana; Forlan, Mariel (Perez), Varela e Caetano; Gonçalves e Pedro Rocha; Ledesma, Hector Silva, Sacia e Joya. Técnico: Máspoli

No final do ano, outra bela exibição na final da Taça Brasil: 5 a 1 no Vasco da Gama (Rio de Janeiro), marcando dois gols e arrebentando a retranca Cruzmaltina.

01/12/1965 Santos FC 5x1 CR Vasco da Gama (Rio de Janeiro) 
Local: Pacaembu – São Paulo (SP)
Competição: Taça Brasil
Renda: Cr$ 27.462.000,00
Público: 16.764
Árbitro: Romualdo Arpi Filho
Gols: Dorval 63' e 65', Toninho 71' e 87' e Coutinho 7' – Célio (p) 83'
SFC: Gilmar; Carlos Alberto Torres, Mauro Ramos de Oliveira e Geraldino; Lima e Orlando Peçanha; Dorval, Mengálvio, Coutinho (Toninho Guerreiro), Pelé e Pepe. Técnico: Lula
CRVG: Gainete; Ari, Caxias, Ananias e Oldair; Maranhão e Lorico (Luizinho); Zezinho, Saul, Célio e Danilo Menezes Técnico: Zezé Moreira

Aos 32 anos (1967), deixa o clube de Vila Belmiro e vai para a SE Palmeiras (onde fará parte do elenco Campeão da Taça Brasil de 1967).

Em 1968, segue para o Clube Atlético Paranaense (Campeão Paranaense de 1970), jogando até 1971. Seguiu para o Valência (Venezuela) e encerrou sua carreira no Saad EC (São Caetano do Sul), em 1973, jogando junto de Coutinho e Joel Camargo.

Fonte: Santos Futebol Clube

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